Congresso ... silêncio que se vai cantar o fado!!!
Era uma vez ... uma dúvida? Ou melhor: duas dúvidas!!!
Uma dúvida: a do senhor ministro
O senhor ministro da Justiça está convidado para o 7º Congresso dos Juízes Portugueses que irá decorrer de 24 a 26.11.2005, no Algarve.
Dúvida do senhor ministro: ir ou não ir ?? falar ou não falar?? e ao falar: dizer ou desdizer??
Após diversos estudos de mercado e ouvidos vários assessores de imagem e alguns profissionais do marketing mediático, o senhor ministro é levado a dizer “vou!”.
Falar?: sim, para dizer o mesmo que sempre tem repetido, o que nem por isso, ganha sentido.
Desdizer: sim! Afirmar que afinal não houve qualquer adesão à greve como se pode comprovar pelo facto de não terem sido efectuados descontos nos vencimentos dos juízes respeitantes à clamada paralisação; também consta que irá desdizer a vontade de que a balança seja substituída pela “árvore das patacas” como símbolo do Ministério da Justiça.
A outra dúvida:
a dos Senhores Juízes: ir ou não ir ?? ouvir ou não ouvir o senhor ministro?? Sair da sala ou ficar a ouvi-lo??
Há boas hipóteses para os senhores juízes não terem tempo para a deslocação ao Algarve: muitos processos para despachar ainda acumulados dos dias da greve;
Outra probabilidade: aproveitar para conhecer o Algarve e o Alentejo no mês de Novembro face ao acantonamento de férias em Agosto;
outros dirão: mais importante: mostrar unidade e força de quem trabalha perante o desrespeito e as sucessivas, reiteradas e generalizadas ofensas públicas em parte devidas à incapacidade da ASJP se fazer ouvir e transmitir a mensagem essencial.
A outra dúvida: ouvir o senhor ministro?? Para quê?? Não para recordar o eco vazio e repetitivo da mentira, do engano e do desrespeito.
Nada disso, simplesmente ouvir o senhor ministro como se ouvem aquelas testemunhas que nada dizem e que não merecem qualquer crédito porque nada sabem dos factos em apreço: por respeito, ou melhor: por dever de ofício que impõe o respeito pelo direito à mentira quando as declarações são exteriorizadas como verídicas no intimo de quem as profere.
Certeza: não sair da sala enquanto o senhor ministro estiver presente: respeitá-lo não por ser quem é mas porque Portugal ainda é uma República e ninguém disse ao Povo que este cidadão seria o seu ministro da Justiça.
Ou seja: ficar por respeito ao Povo representado na pessoa que está ali a fazer de ministro [isto partindo da certeza socrática de que este cidadão se manterá em funções "até que os tribunais entrem nos eixos" (ou será até que "todos" sigam a cartilha)].
No final: manter um sepulcral silêncio em protesto pela ignorância, pela arrogância, pela ganância, e enfim pela ânsia do senhor ministro em se queixar que os juízes o não respeitam.
Há que respeitar o senhor ministro porque a República Portuguesa, em princípio, continuará a ter Ministros da Justiça; há que respeitar quem faz de titular porque as pessoas passam e a República ainda há-de ficar.
Importante: não dar azo a queixas descabidas nem a aproveitamentos mediáticos que só beneficiam os propagandistas profissionais e os manobradores atarefados.
Que o Congresso espelhe o respeito institucional e noção de Estado que os Juízes Portugueses nunca deixaram de ter mesmo quando deturpações tal pretenderam mostrar e os juízes habituados a profundas citações não conseguiram transmitir a efectiva mensagem.
Que o Congresso comporte um momento de silencioso desprezo por uma pessoa sem lhe dar motivos para alaridos.
Na dúvida: ir ao Congresso, encher a sala para “ouvir” o senhor ministro e, no final, tributar-lhe um profundo silêncio...
... depois, recordar que o tema é “Justiça – Garantia do Estado de Direito”.
... e Marrocos ali tão perto!!!!
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